quarta-feira, 5 de março de 2008

ode ao basculho

Foi entregue na nossa redacção um papiro redigido por um anónimo que, depois do teste de carbono 14, constatamos ser do Sec. XII. É um retrato de um fenómeno actual e, assim, porque o que é arte, arte é, publica-mo-zio:


ODE AO BASCULHO


Cruzei-me com um basculho
Numa rua com alto barulho
E pensei escrever-lhe uma ode...
Só quem o conhece pode:


1º capítulo
Evocação


Floresces em negras montanhas
Teu ninho ajeitas e amanhas
Tentas perverter o sistema,
Urdes um qualquer esquema
Levantas tua sinistra face
Preparas-te para qualquer enlace
Pois sabes que és mesmo feia
E teu sovaco é chulezenta meia.

O basculho é sectário e só
Nas partes fodengas agasalha pó
Mas quando um cai na sua teia
Ou vai, ou racha! Ou come, ou arreia!

E foi assim numa noite escura
Uivando pela minha sepultura
Lembrei-me no dia da liberdade
Que Porra! Tem de haver igualdade!
E disse: "Eu quero o meu basculho.
Metam-mo num embrulho
Em cores de vermelho e prata
Como quem não quer, mas engata.
Os meus direitos já conheço
E meus neurónios entorpeço.
Saia, então, um desses odres
Pois qual Dinamarca, meu reino é podre."

E ela levantou-se hossanas gritando,
Seus longos braços, tortos, acenando,
Seu lindo olhar, negro, soltando,
Seu belo traseiro, gordo, se farpando,
Sua voz maviosa, estridente, guinchando,
Sua pele luzídia, porca, mostrando,
Chama-me com seu hálito tresandando
E eu, louco... ia quase desmaiando...

Botei mais um golo desse gin
Sabia que tinha de dizer que sim
Ataquei a botelha, dei-lhe sem perdão.
De tudo sairá, menos um "não"!
E até ao fim a botelha entornei
É certo, Deus, no vinho pequei,
Mas como a gaja no Verão medra
Comer um basculho é uma pedra.

2º capítulo
Acção

Cavalgava-a, agora, por trás
Possuía-a como Satanás
E ela uivava como uma hiena
Queria da grande... e também da pequena.
Toma lá, sua rata do esgoto
És linda, pareces meu escroto.
Consegues, enquanto rompo o buraco
Leviana lamber-me o saco?

A tropel saltei-te na frente
Sentiste meu troço ardente
(E como a bíblia sempre leremos,
Aí vai, meus caros: Oremos!)
Do sofá furei já o estofo
Tua rata tresandava a mofo
Meti-lha, então, na cloaca,
Não falava, lá tinha a estaca.

Altaneiro, já me sentia Rei
Encavar-te era a minha Lei
E dar-te-ei tantas meu vacão
Que terei teu nariz por usucapião.

Teus bigodes coçam-me o salho
Enquanto lençóis louco emporcalho...

Venho-me, agora, nos teus dentes
Trincar-ma, nem sequer tentes
Que te dou com meus guizos duros
Ponho essas bordas a render juros
Esporro-me no teu ouvido,
Pelo nariz sai o que tinhas bebido
E enquanto pelo meu pau almejas
Nas bordas da gaita com os lábios esbordejas...

16 comentários:

Anónimo disse...

Proponho um monumento ao basculho!

Anónimo disse...

É desta que o pugrama é suspenso... Até me faltou o ar!

Anónimo disse...

Mas quem será o talentosíssimo autor?

vacamalhada disse...

Já Bocages não és, mas quem dera ao Bocage ter-te sido...
Quem diz que a poesia é para "meninas"??
Ah Poeta!

Anónimo disse...

Ui que até sufoco e engasgo. LOOOOL

Anónimo disse...

LoL LoL LoL LoL LoL

Anónimo disse...

Sim senhor um grande Camões. Se bem que com menos Lírica e mais "É pica", mas isso é do vinho.

Anónimo disse...

No blog da vaca malhada dizem que o autor é o RTM. E porque não assume a autoria?

Anónimo disse...

Ui! Fujam que ele vai publicar todo o seu vasto leque de escritos! Cum caralho! Agora o pugrama tem os dias contados...a ERCS nao perdoa!
Para quando o Ze Minas ou o Novo Novo Testamento?
Ass: Alf

Anónimo disse...

Não sei quem é o RTM, só conheço a RTP, mas ela não escreve assim. Seja quem for é uma alma inspirada!

Anónimo disse...

O que é um "Basculho"??

Rui Melo disse...

Bem, aí vai a resposta possível aos vossos anseios:
1- O monumento está a ser pensado;
2- Não, o pugrama não será suspenso;
3- Sabemos, mas não dizemos (somos ranhosos);
4- Não é menina, mas também não é poeta;
5,6 e 7- ... E mai nada...
8- Porque quer?...
9- Como?
10- RTP quente, RTM frio.
11- Um basculho... é um ser a modos que bisôntico.
Cumprimentos e beijos.

Anónimo disse...

E uma versão alive da Ode?

Rui Melo disse...

Huuum! Improvável...

Anónimo disse...

ora, ora... pergunta-se então o que é um "basculho"... Basculho no norte, vasculho no sul... mas ambos (os dois, esta claro...) são grandes vassouras, com cabos longuissimos, destinados á limpeza de tectos e paredes altas. mas ja agora.... o que é que o autor desta magnifica ode dizia que a fazia ao "basculho"??....

Anónimo disse...

Só gostava de saber quem foi a musa inspiradora do talentoso autor... Mas desconfio...