quinta-feira, 2 de junho de 2016

DEAD TÓNIOS (Crónica de uma banda que nunca foi)

Forjados em terras de Guimarães, os Dead Tónios são tão velhos quanto a própria nacionalidade. Na verdade, o primeiro Tónio de que há memória foi Egas Moniz quando, não tendo D. Afonso Henriques cumprido uma promessa, foi-se entregar… a Castela com um baraço ao pescoço.
Era um Tónio…, dirão vocês…, pois era….
Tanto mais quanto a única promessa que D. Afonso Henriques soube cumprir foi a de arrear nos Castelhanos e nos Mouros, sendo certo que até a mãe o renegou.
Mas, em boa verdade, a história dos Dead Tónios é apenas paralela a esta: Tónio era, originariamente, o bardo da Corte de D. Afonso Henriques.
Conhecido por trocar belas trovas por favores sexuais, Tónio era o Decano do deboche, o Rei da depravação e fundador do primeiro quengódromo de que há memória.
Diz-se, na verdade, que não foi Martim Moniz que, atravessando-se às portas de Lisboa, fez com que as tropas de D. Afonso Henriques aí entrassem. De facto, durante o cerco, Tónio o Bardo, sentindo-se entediado com a espera por entrar em Lisboa, montou uma “casa de senhoras” com o nome de um animal com que apenas sonhara, porque só existente em terras de África.
Com efeito, sonhara ele com um falo gigante que absorvia água, esguichava-a, tangendo o sino nos Jardins Zoológicos. A esse seu falo decidiu chamar-lhe “elefante”. E por ter o fétiche de o cobrir com açúcar, a esse seu estabelecimento chamou Elefante Branco.
Conhecedor de cerca de 3 acordes, Tónio foi punk antes do seu tempo e tendo passado a saber 5 acordes, começou a tocar jazz. Foi o primeiro músico de fusão, fondendo, ou melhor, fundindo o jazz e o punk, foi o pai do JUNK.
O junk era uma música mexida que fazia abanar a anca das cortesãs – pomposamente apelidadas de “cortesonas” por Tónio.
Rapidamente Tónio grangeou um grande número de fans, conhecidas como as Toniettes, sendo que apenas podia ser Toniette aquela que ostentasse orgulhosamente na nalga esquerda a marca da ganadaria Tónio.
Tónio viveu 90 longos anos, passando o seu saber de geração em geração, ultrapassando largamente a esperança média de vida da altura. Diz-se que aos 80 ainda era capaz de saquear a masmorra a qualquer meretriz, designadamente as de Braga, pondo todo o meretrício em fogo!
Tónio teve 50 mulheres, fogachou cerca de 943, possuía uma mente brilhante… e também possuía a filha da vizinha aos fins-de-semana. Sendo certo que apenas fogachou 943 porque quis fazer a folha à mulher do homem do talho e ele, tendo-os apanhado nesse labor, decepou-lhe o elefante branco.
Após a sua morte, os seus herdeiros seguiram o seu trabalho, fornicando e refornicando, como se amanhã não houvesse.
Profetas de toda a sorte, videntes e cartomantes, diziam que D. Sebastião era Tónio – Tónio Sebastião – que, tendo desaparecido em terras africanas, terá montado um musseque com 40 negras de origem magrebina. O pior foi a sua sucessão… Como se sabe e é bem conhecido, havia também Tónios dedicados à vida clerical – e por isso, em honra a esses, não se dão slaps ao domingo, como a seguir se dirá – e apenas um Tónio pode suceder a outro Tónio, pelo que não tendo D. Tónio Sebastião deixado descendentes conhecidos (ninguém ousaria demandar África e o seu musseque), sucedeu-lhe seu tio-avô Cardeal D. Tónio… Henrique – o Casto.
Diz-se que o Papa ponderou levantar-lhe o celibato para poder ser pai, mas quando a bula saiu nesse sentido, já daquele mato não saía coelho…
Foi o tempo dos Filipes e a decadência dos Tónios. O último conhecido da época – D. Tónio Prior do Crato -, era também um Tónio de origem clerical, pelo que terá  fogachado apenas na clandestinidade.
Temeu-se pelo fim dos Tónios, mas eles renasceram.
Tempos houve - e durante séculos – que foram galãs (conta-se que Zézé Camarinha é, de facto, um Tónio), cantores e guitarristas de bandas rock (Jim Morrison e Jimmy Page eram Tónios) e conhecidos actores (os 007 eram todos Tónios, o Brad Pitt é um Tónio, tal como o Tónio Cruise).
Eram Tónios por toda a parte… nas casas, nas carros, nas pontes nas ruas… como dizia Tónio Espadinha…
No final do sec. XX e inícios do sec. XXI os Tónios foram perseguidos. Afinal de que serviam os fogachadores de antigamente se na sociedade que se criava toda a gente abafava a palhinha?
Conhecedores da heterossexualidade militante dos Tónios, a geringonça, com especial incidência no Bloco de Esquerda, deu caça aos Tónios. Apodados de homofóbicos, os Tónios refugiaram-se nas partes altas, quando a sua especialidade eram as partes baixas. Foram inclusivamente obrigados a usar burka abaixo da cintura… Temia-se o pior… Enxovalhados, banidos das Irmandades mais conhecidas (a Maçonaria, os Rotary e os Lions), os Tónios acantonaram-se na Serra da Estrela. Com eles, Einstein, disse: “We will use rocks on the other side” – e usaram… no óisque!
Nada mais lhes restava perante uma geração que se dedica a ficar fechada em casa a fumar charros e jogar playstation do que se esconderem. Chegaram a ser declarados em vias de extinção. Os Tónios, tal como o Koala e o Lince da Malcata lutavam pela sua sobrevivência.
Atacavam à noite, em bandos, procurando os favores do belo sexo que, com feroz ímpeto, mergulhavam em vale de lençóis, só daí saindo após múltiplas horas.
Criadores dos orgasmos múltiplos, as poucas mulheres que cediam aos seus encantos, deixando que lhes friccionassem os antrecoxáceos eram apedrejadas em praça pública e tratadas como a Maria Madalena dos tempos modernos.
Aliás, já Joana D´Arc havia sido em tempos fogachada por um Tónio e, por isso, como bem se sabe, foi esturricada numa fogueira.
Mas podem vocês perguntar: o que é que isso tem que ver com os Dead Tónios?
Pois bem, os Dead Tónios contam-se como os últimos heterossexuais vivos do sec. XXII, embora também gostem de abanar os seus hirtos mamilos no Século XIX.
Esta banda futurista de heterossexuais, não podendo actuar no seu próprio século, sob pena de lhes cortarem o seu membro viril, teleporta-se para o passado, fazendo tours incessantes, e fazendo-se passar por mortos, daí o seu nome Dead Tónios.
De facto, e para além do mais, todos os bons músicos estão mortos, pelo que pouco sentido faria manterem-se vivos.
Eles são liderados pelo ultimo Tónio da sua geração – o Tónio Tónio Zé Silva (conhecido por Double Tónio ou Zecas Tónio). Ele maneja as 4 cordas do seu baixo eléctrico como se de uma harpa se tratasse. Sem drive ou overdrive é mestre na arte do slap na paxaxa que apenas não pratica ao domingo por ser Dia do Senhor (eis a reminiscência dos Tónios clericais).
Tónio Melo, heterossexual há inúmeras gerações, tal como os outros Tónios, foi fundador do uso da “luva do tau-tau”, com a qual dava pequenos slaps nas nalgas das vítimas.
Para além disso, os Tónios são os verdadeiros autores da “Canção do Bandido”, tantas vezes entoada e cantada por gente de menor porte, tem letra de Tónio Melo, música de Miguel Tónio e orquestração de Double Tónio.
Miguel Tónio – o único heterossexual vivo de terras de Basto – por tara própria, sacudia bastas vezes a sua mão violentamente em movimentos circulares, pelo que Double Tónio lhe entregou uma guitarra eléctrica, antes que ele se lembrasse de esgalhar o pessegueiro, tornando-se o guitarrista dos Tónios.
Leocádio Leopoldo Tónio, barão do Pubidém, gladiador de Infias e agora pai – mas não digam a ninguém, porque ao que parece ser pai é proibido – assaltava as caixas de esmolas do Sr. Reitor e tocava banjo nos tempos livres, pelo que Tónio Tónio deliberou que ele assumisse a outra guitarra que apesar de ter as cordas enferrujadas, ele raspou com Scotch-Brite (ou outro scotch de terras da Escócia) e oleou com Macieira misturada com refumeite…
Pedro Tónio, o mais novo dos Tónios, foi violentamente surrado por Double Tónio pelo mero facto de fazer xixi sentado. Double Tónio terá dito: “Faz-te HOME!” E ele fez-se! Onde ele anda rabo de saia é garantido, esgrimindo os seus sticks como um Charmer, qual Darth Vader no Campo de S. Mamede!
Os Dead Tónios são assim uma banda futurista feita de falecidos que, em dias de concertos saem das suas lúgubres campas, para aterrorizarem as inocentes vítimas.
São a única banda do Mundo de que o Axl Rose não fará parte e dizem que sairão do seu caixão, juntamente com convidados bem conhecidos – e HETEROSSEXUAIS - para espalhar magia, hoje à noite… Aguardemos…    

Pelo management dos Dead Tónios,


Tónio Leites