sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Posse do Liceu

Para quem não teve oportunidade de estar no Liceu aqui vos amando:

TEXTO DA POSSE DA ESCOLA SECUNDÁRIA MARTINS SARMENTO - LICEU DE GUIMARÃES -
ANO NICOLINO DE MMVIII

Quem me acorda deste sono secular
E me tira da inércia à força bruta
Quem faz esta desordem salutar
Sois os Nicolinos? Estou à escuta!

(Quem sois?)

Daqui fala o Velho Liceu Novo
Que recobra o que nunca a bem deixou
Para que se saiba, meninos, meu Povo
A Posse do Liceu para ficar chegou.
Já p´rás Festas plantei macieiras
Estou disposto a albergar o Baile
O Pregão vive aqui horas cimeiras
Propaguem a Boa Nova até em braille.

Ah! Bela voz, meus rapazes ditosos
Fazeis-me renascer deste torpor
Cá nasceram Nicolinos famosos
Já vos ouço, recupero o vigor.
A idade não ataca o Nicolino
Sempre jovem se mantém vida fora
Se não acreditas, meu bom menino
Minha barba cairá sem demora.

Um abraço vos deixo neste instante
Pois mais alto falará... A Voz do Estudante!

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As Festas não mais sairão daqui
É este e sempre foi o seu lugar
Foi sempre no Liceu que as vivi
Que as estimei e aprendi a amar.
Nestes corredores eu preparei
Os bombos e as caixas para rufar
E nos cadernos que tanto rasurei
Escrevi cem Pregões p´ra recitar.

Aqui vivi meus anos de estudo
Aqui nasceu a primeira paixão
O Liceu soube dar-me sempre tudo
A marca, o ensino de excepção.
Grandes Nicolinos foram Reitores
Que souberam a Festa amparar
Nos dias em que passamos horrores
Eram sempre os primeiros a animar.

Daqui levei as melhores amizades
Fruto de longas tardes de folguedo
Amigos que nos diziam verdades
Quando do chumbo nos dava o medo.
É o espírito que sinto nesta Escola
Que é minha! E ninguém ma vai tirar.
Nem que acabe a vida a pedir esmola
No Pinheiro sempre aqui vou tocar.

E nesta Festa muito aprendemos
Meu ânimo jamais vai fenecer
Liceu de Guimarães em cima lemos
A Festa é tua! Nunca vai morrer.

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Mas na Educação há coisas sérias
Que não gosto mas tenho de lembrar
Devem julgar que nós estamos de férias
Mas o sono não nos vai atacar.
Professor e estudante - um protesto!
Será que estamos todos errados
Que livro do Povo? Que manifesto?
Troca Governantes por Governados?

Alunos, Profes. somos aos milhares
Meia dúzia são no Ministério?
Venha uma ditadura, militares...
Talvez haja um democrata a sério.
Estudamos a roda dos alimentos!
Chegamos já ao ovo e ao tomate
Para o Secretário não ter tormentos
A Polícia, então, fez Xeque-Mate!

Não se enganem! Somos perigosos
E trazemos mil armas p´rá Escola!
Na Mercearia somos gulosos
Há ovos e tomates na sacola.
A Bófia de Choque aí apareceu
A arma quando faltam argumentos
Neste socialismo sempre me pareceu
Que dialoga com outros instrumentos.

“Sôra” Ministra esteja sossegada
Agora atacamos com o tremoço
Pois pode aproveitar a tomatada
P´rá apanhá-los e servir de almoço.
Nestas coisas da saúde não me estico
Pode dar-lhe para ter forte “xelique”
Neste Natal vou-lhe dar um penico
P´ra o tremoço aí fazer repique.

Mais vale deixar as contas ao Santo
Nicolau é amigo de verdade
Cubrirá com um encarnado manto
As vergonhas de que fazes alarde.
O vaticínio nas estrelas vi
A Política é má adversária
Na vazia urna cairás em ti
A Política é pira funerária.

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Escavaque-se já esse mau olhado
Tenham tento que eu nem sei falar mal
Senão faço como um Alto Potentado
Mando a Posse p´ró Constitucional.
Fiquem a saber: Palavra de Estudante!
Isto não vai em mansa “palavrada”.
Queira o Santo não perca o quadrante
E termine um dia tudo à chapada...

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Perdoem-me já longa vai a cena
Outros protagonistas do guião
Entendem que a Escola é pequena
Que do aluno não reza a Educação.
Querem que faça da minha carteira
Um fugaz refúgio que me encerra
Querem transformá-la numa trincheira
Para me bater nesta nova guerra.

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Recobrem a Nicolina pujança
Que a Festa tudo fará esquecer
Ali tenho uma lauta comilança
E um ovo estrelado a arrefecer...
Temos aqui a couve de Bruxelas
Repolho e muita outra hortaliça
Pois podem encontrar nessas vielas
A Ministra que é uma nabiça.

Aqui fazemos outras omeletes
Cá temos puro ovo de galinha
A Posse é lauta, mas não tem filetes
Que é coisa que vos minga, vos definha.
Eu peço: Sejam homens e mulheres,
Sem titubear sigam vossos trilhos
P´ra lutar não precisareis de halteres
Mas lembrai-vos: Deste Liceu sois filhos.

O Liceu classes nunca conheceu
Sempre soube manter o seu aprumo
Sempre soube de Guimarães ser Liceu
Sempre soube traçar seu próprio rumo.
Parti alegres na vossa demanda
Os vossos objectivos são mui nobres
E como essa Velha Tradição manda
Entregai esta Vossa Posse aos Pobres...

Àquela que sempre foi a minha Escola e que me deu a inesquecível honra de escrever estes humildes versos para serem recitados no dia de Posses das Festas Nicolinas de 2008,


Rui Teixeira e Melo
04 de Dezembro de 2008

5 comentários:

Anónimo disse...

Ah Camões!!!

bioculo disse...

NÃO ME FOI POSSÍVEL ESTAR PRESENTE NESTA POSSE NO LICEU(para mim será sempre o Liceu de Guimarães)MAS TIVE A OPORTUNIDADE DE ESTAR PRESENTE NAS RESTANTES.GRANDES PALAVRAS FORAM BOTADAS AO POVO NESTE PALÁCIO DA SABEDORIA,NUMA NOUTE FRIA,MAS POUCO CHUVOSA.PARABÉNS À DIRECÇÃO DOS NICOLINOS DESTE ANO;GRANDE A IDEIA DE POR NESTE ESPAÇO ESTAS FALADURAS
LICEU SEMPRE.

bioculo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Limito-me a... ;) ;) ;)

Anónimo disse...

Grande Melo!