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Ainda com uma grande ressaca nos cornos, cá vai um "petit résumé" do que se passou ontem à noite em Gaia:
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A noite começou quentinha, com o português Slimmy a abrir o palco principal do Festival Marés Vivas.
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Às 22.15 entra no palco o senhor Adrian Thaws, mais conhecido por Tricky. O seu estilo, apesar de inconfundível, é polémico e confuso. Chamam-lhe brown punk, rap, trip hop, funk, experimental, electrónica e outras coisas que tal. A verdade é que é difícil enfiá-lo num rótulo, porque, na nossa humilde opinião, tem dias... Cá para nós, depende do Dealer. A gaja que o acompanhava em palco era boa, boa, boa. E cantou bastante mais do que ele, mas deve ser para isso que ele lhe paga... Ele teve os seus momentos. Deve ter sido intenso, mas mais para ele que para nós. Começou a abrir com Love Cats e depois foi por aí a baixo. Ressalve-se o brilhante momento de espectáculo em que o senhor, durante 5 minutos, fumou dois cigarros de costas para o público, enquanto a banda enrolava e engonhava à espera que ele cantasse. O palco estava fretado.
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Quando chegaram os Da Weasel a organização teve que fechar as portas. Lotação esgotada: 20000 pessoas na praia do Cabedelo. Os Da Weasel levaram o povo ao rubro, e a equipe do submarino aproveitou para ir a banhos. Lá pelo meio ainda fomos ouvindo uns "mixes" e "covers" de Bestie Boys e Rage!
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Prodigy não provocou os atques epilécticos, como prometiam, mas deu para abanar o capacete e entrar no moche possível, tendo em conta a enorme quantidade de gente que se acotovelava. Berraram, saltaram, insultaram, mas ao fim de meia hora já não havia mais nada de novo.
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O submarino entretanto foi circulando com o seu estúdio móvel e prometemos que, muito em breve, vão poder ouvir o resultado desta intensa cobertura do Marés Vivas. Em jeito de "teaser" podemos dizer que falámos com Jorge Silva, da Portoeventos, com Slimmy (que teceu fortes elogios à "doce voz" do nosso Dle), com os Da Weasel, com o dealer do Tricky, com os Wokiny e com esse Grande Artista da rádio, TV e revista que é o Luís Filipe Menezes.
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Adiantamos ainda que temos informações bombásticas que vamos revelar, nomeadamente quantos dedos e quantas horas são precisas para colocar um preservativo feminino.
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Mais logo saltaremos directos pela máquina de teletransporte do estúdio móvel para o estúdio fixo, se a BT nos deixar. Caso contrário, usaremos o nosso dom da ubiquidade. Faltar-vos é que NUNCA!
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13 comentários:
Tricky foi muito bom. Não é é espectáculo para festival.
Hoje vão ver os James?!
Quando os James entraram em palco já vinhamos nós a caminho para fazer o pugrama de sábado.
Escrever o que se escreveu do Tricky "que ele pouco canta"? Mas a personagem, o escriba já ouviu algum dos discos (presumo que nunca o tivesse visto ao vivo)? Os charros fumados de costas? E no entanto o submarino em blog existe. Só para engraçadinhos. Com paciência.
Lê mais devagarinho... eram dois cigarritos... não dois charros... ;) ;)
Eu não vi Tricky, mas há que aceitar as diferenças, Spinafro. Admito que sejas mais fan do Tricky do que todos nós juntos, mas penso que admites que haja quem não goste e até quem rejeite o dito cujo.
Olha que o erro está na peça, foram até mais de dois charros. De erva, acrescento.
Pode não gostar-se do homem mas não se lhe pode pedir para cantar mais do que o faz em disco. Ah, não tem dias, os concertos são sempre assim para o bem ou para o mal.
Por mim ele pode fumar até crack... Jovem o que eu te digo é que ele em disco não estica as músicas até ao infinito, nem vai dar uma voltinha e já vem. De qualquer forma, se era para ser tal e qual como em disco, eu nem saía de casa... Acho que é um concerto que funciona pouco em festival (já o vi só a ele há uns anos em Lisboa e gostei muito mais, mas pode ser que a minha droga fosse melhor na altura...). Isto de se ver um gajo a curtir a sua pedrada, já perdeu alguma piada!
E eu gosto de Tricky, pensava é que ele fosse capaz de se adaptar mais. Mas não passa de uma singela opinião.
O "tem dias" quer dizer que o seu estilo é tão transversal que é difíl atribuir-lhe um rótulo (o que não é necessariamente mau). E sim, o submarino é um blog para engraçadinhos, degraçadinhos, mauzinhos, amiguinhos e para todos os que quiserem cá vir livremente "botar as suas postas", concordar, discordar e de preferência arranjar polémicas!
Bem vindo!
P.S. Vai lá ler e repara que em lado nenhum diz que ele cantou pouco, diz é que a senhora cantou mais do que ele.
E "foram até mais de dois charros. De erva, acrescento"!
És tu o dealer do man??? ;)
:)
Revejo-me aqui:
"Entre a alma de Tricky e a poeira dos Prodigy
20.07.2008
Há várias maneiras de uma banda abordar um concerto, mas utilizando a linguagem futebolística pode fazer-se uma divisão em duas categorias: em força e em jeito. Os Prodigy são fiéis representantes da primeira abordagem: uma autêntica máquina trituradora, que não dá um minuto de descanso ao público e que tornou o recinto do festival Marés Vivas numa autêntica pista de dança (e de mosh), levantando uma nuvem de poeira que se manteve constante.
Numa noite que "cheirou" a anos 90, o britânico Tricky fez o oposto: "deu-lhe com a alma" e enfrentou os seus fantasmas, alienando alguns espectadores. Em noite de lotação esgotada (20 mil pessoas, diz a organização, e muitas terão ficado de fora porque o recinto não dá para mais), os Prodigy foram os mais aplaudidos, mas a atmosfera hipnótica criada por Tricky deu origem ao melhor concerto da jornada.
A "abrir" para as duas principais atracções da noite estiverem os portugueses Slimmy e Da Weasel. E o melhor que se pode dizer, do ponto de vista da indústria musical do país, é que têm público. No segundo caso, definitivamente mais público do que aquele que assistiu à actuação de Tricky.
(...)
O concerto de Tricky, que tem a vindo a ser aclamado pelo regresso à boa forma, com o recém-lançado disco Knowle West Boy, não foi fácil de digerir, apesar da presença de vários temas do seu período áureo, marcado pelo álbum de estreia Maxinquaye (do qual apresentou Black steel, Pumpkin e Overcome).
Em contexto festivaleiro, o inglês (acompanhado por uma banda de cinco elementos, com destaque para a voz poderosa da dinamarquesa Kira) não altera o seu comportamento: fuma constantemente (e pode quase garantir-se que não eram substâncias lícitas), vira as costas ao público, parece estar num mundo que é só dele. Ao segundo tema tira a camisola e fica em tronco nu, qual boxeur pronto a desferir o KO.
Mas Tricky, que faz no seu mais recente trabalho uma viagem aos tempos de infância, no bairro de Bristol onde cresceu, parece mais interessado noutras abordagens, em levar a audiência numa trip alucinogénica, em criar uma atmosfera de tensão sexual. No fundo, quer conquistar o público aos pontos. Por isso, os espectadores que não se dispuseram a esta viagem perderam o melhor concerto da noite, em que o músico se despiu por completo (emocionalmente, e não literalmente) e enfrentou os seus demónios: o pai que fugiu da família e a mãe que se suicidou quando tinha três anos. Aconteceu por duas vezes, em longas jams nos finais de Past Mistake (I love you dad foi a última frase) e de Joseph (em que Tricky foi repetindo o verso mother said I'm special).
(...)
João Pedro Barros in Público"
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