quarta-feira, 17 de agosto de 2016

VAGOOOS!!!

Foi assim que as bandas do heavy metal se apresentaram em Vagos neste fim de semana.
Após a relocalização do Vagos Open Air para Corroios, a Câmara Municipal e uma nova produtora lançaram mãos à obra por forma a que Vagos não ficasse sem o seu festival de heavy metal.
E diga-se que em primeiro lugar não se poderia esperar outra coisa e em segundo que belo festival foi montado em tão pouco tempo!!
Privilegiando o ecletismo em termos das sonoridades mais pesadas por lá passaram Correia, Vektor, Betraying The Martyrs, Ramp, Fleshgod Apocalypse, Dark Funeral e Bizarra Locomotiva no primeiro dia - sábado 13/8.
Destaque nesse primeiro dia para os Ramp. Os veteranos do heavy metal português não se coibiram de mandar "umas bocas" ao Vagos Open Air, referindo-se a ele como "um festival que aconteceu na minha terra", enaltecendo o novo Vagos Metal Fest.
Embora com alguns problemas de som iniciais numa das guitarras, os Ramp brindaram a plateia com um excelente concerto, passando por praticamente toda a sua carreira que já vais com mais de vinte anos. Eles que se preparam para relançar o seu LP de estreia Thoughts que já remonta a 1992 e que muitas vezes passou na primeira vida do Submarino. Ficou a promessa de voltarem para o ano e com novo disco.
Os Fleshgod Apocalypse eram a banda, para além dos consagrados Dark Funeral, que despertava mais entusiasmo entre os convivas.
Trajados a rigor com as suas vestes medievais, os Italianos não deixaram os seus créditos por mãos alheias e quer se goste, quer não se goste do tipo de som, os rapazes deram boa conta do do recado, com a sua cantora lírica a entrar a rasgar por entre os riffs de guitarra, mais ao gosto da malta de "paladar mais pesado". Já com 9 anos de estrada são uma banda com uma presença de palco assinalável e com uma boa margem de progressão dentro do seu estilo death metal sinfónico.
E como já anunciava o vocalista dos Ramp, os Fleshgod Apocalypse seriam a "missa", a que se seguiria o funeral.
E o funeral chegou, embora atrasado. Depois de colocarem os panais anunciadores da sua chegada e de andarem de volta de um monitor em palco cerca de 15 minutos, quando já alguns desesperavam, o funeral teve o seu início.
Os Dark Funeral começaram também com um som titubeante (como já havia acontecido com os Fleshgod). Aliás, durante a primeira música apenas se ouvia a voz e a bateria. Com o decurso do concerto, o som  foi devidamente acertado e os Dark Funeral debitaram o seu black metal saído das catacumbas do Demo, com "Open The Gates" e "The Secrets of the Black Arts", a marcarem um concerto memorável tanto para aqueles que se deslocaram a Vagos, como para os próprios Dark Funeral que viram a transportadora aérea fazer desaparecer as suas guitarras.
Apesar disso, a incansável organização forneceu o material necessário para que Satan descesse sobre Vagos. Os Dark Funeral conseguiram, durante o seu set, - estou certo - juntar mais alguns fans para a sua horda satânica.
E depois os Bizarra Locomotiva! Palavras para quê. Debitaram o seu som heavy industrial como só eles sabem fazer. Hecatombe, Febre de Ícaro, A Flauta do Leproso, Egodescentralizado foram debitados com mestria, enquanto o vocalista se passeava por entre o público e se deitava na grelha de metal junto do público. Tudo ao som da batida forte, dos riffs de guitarra e da sonoridade do sintetizador dos Bizarra que os torna numa infalível máquina de guerra. E a guerra acabou com aviso, pois foram dizendo quantas músicas faltavam e nem mais uma tocaram. É bizarro? Só para quem lá não foi.
Destaque para o trabalho do Ricardo Leite - de Guimarães, pois claro - e a sua malta que trataram do video e de colocar nos ecrans gigantes aquilo que a malta lá de trás não via!
Para o segundo dia estavam alinhados os Godvlad, Heavenwood, Tribulation, Discharge, Finntroll, Helloween e Moonspell.    
Os Heavenwood apesar de alguns problemas técnicos acabaram por dar um espectáculo bem ao seu nível com Arcadia Order, The Juggler, The High Priestess (com a ajuda da Sandra Oliveira dos Blame Zeus) a destacarem-se. The Tarot of the Bohemians - o seu último album - é já uma referência. O set andou, contudo, à volta de toda a sua carreira com Emotional Wound, Rain of July e Suicide Letters a ser um final de categoria para estes portuenses, com espectáculos marcados já para 2017 fora de portas, como eles bem merecem.
Os suecos Tribulation não deixaram também os seus créditos por mãos alheias com uma sonoridade gothic metal, encheram o palco com grande movimentação.
Apontados ao seu último Children of the Night, a soar a Celtic Frost, demonstraram o porquê de tão bem caberem neste alinhamento, queridamente eclético de Vagos. Banda a rever noutro palco!
E os Discharge? Uma entrada alucinante dos veteranos ingleses do punk hardcore deixou a malta (meio descrente, diga-se) do heavy metal de boca à banda.
Dificil tornou-se vê-los a meio do concerto tal era o pó levantado pelos entusiastas que ocupavam uns bons 10 metros. E foi ver os seguranças a não terem mãos a medir para os crowdsurfers que surgiram abundantemente. Com o seu album "End of days" ainda fresco não se cingiram a tais temas, provocando a malta do heavy metal com um "Are we metal enough for you?". Sure, you are! Velhos são os trapos.
Após o folk metal dos Finntroll que tomou de assalto de seguida Vagos e que entusiasmou as hostes, chegaram os emblemáticos homens do power metal - os Helloween.
Inicio com Eagles Fly Free seguido de Dr. Stein e os Helloween provaram por a + b que não estavam cá para "encher chouriços". Mesmo aqueles que não eram o "seu público" saíram rendidos aos vocais e refrões orelhudos das suas músicas quer dos épicos Keeper of Seven Keys part I e II, quer dos albuns mais recentes. Estão grandes estes reconhecidos filhos dos Iron Maiden.
A fechar Moonspell em promoção do seu último album Extinct, o Submarino não podia deixar de presenciar aquele que poderá ser o seu último concerto em Portugal antes de virem ao Multi-Usos a Guimarães no dia 2/12.
Calcorreando terrenos do Irreligious e de outros albuns como o Wolfheart, ficou-nos no ouvido Opium, Vampiria e Em Nome do Medo com vocais de Rui Sidónio dos Bizarra Locomotiva que mais uma vez trouxe as suas vestes negras extraídas, quiçá, de sacos do lixo...
Os Moonspell não sabem tocar mal e deram um excelente espectáculo de fecho deste Festival renascido.
E que bem renascido!!! Bem hajam.

Nos próximos programas toda a reportagem da incansável equipa do Submarino.  
   

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