Os Voodoo Boys são
uma mítica banda vimaranense, falsamente emigrada para os Andes.
Na verdade, os
Voodoo Boys oriundos dos mais diversos cantos do concelho vimaranense,
rapidamente se aperceberam de que se queriam ser grandes, conhecidos e
verdadeiramente míticos teriam que emigrar, o que, de facto, vieram a fazer
para os Andes, embora falsamente, aquartelando-se em local próximo da Citânia
de Briteiros (Citânia de Briteiros essa que pertencendo ao concelho, muitas
pessoas teimam em ignorar tal facto, o que, como é evidente deu mais força ao
mito).
O nome da banda teve
origem numa lenda de Briteiros (Santa Leocádia), segundo a qual alguns rapazes
se juntavam em redor do túmulo do Rei Wamba – Rei Visigodo – e fazendo piruetas
e outras artistices, influenciadas por álcool e opiáceos, praticavam ritos
voodoo. A tais cenas artísticas vieram a chamar-lhe depois artes performativas
A razão pela qual
estes se juntavam à volta do seu túmulo era simples:
“A mulher do Rei Wamba perdeu-se de amores por um Rei Mouro
e este para a raptar tentou fazer um túnel que passaria por baixo do Tejo para
a poder ir buscar.
Os cálculos do Rei Mouro foram mal feitos e o buraco saiu acima do nível das águas. A mulher do Rei Wamba entrou em pânico e o Rei Wamba descobriu a finalidade do buraco.”
Os cálculos do Rei Mouro foram mal feitos e o buraco saiu acima do nível das águas. A mulher do Rei Wamba entrou em pânico e o Rei Wamba descobriu a finalidade do buraco.”
Julgada
em Tribunal familiar – os Tribunais Plenários de então – a senhora foi
condenada a ser atada a uma mó de um moinho e depois atirada a rebolar pela
escarpa abaixo até ao Tejo.
Antes
da sentença ser executada, diz-se que esta terá amaldiçoado aquela terra, nos
seguintes termos:
Nesta terra
não haverá cavalos de regalo
Nem éguas para lhes saltarem ao falo
Mais padres santos nunca se ordenarão
Mas putas nunca faltarão…
Era,
assim, na esperança de que a maldição se concretizasse que aqueles rapazes aí
se juntavam. E viam… por vezes… Wamba rodeado de senhoras de menor calibre, ou
melhor, em saldo… seja de vida duvidosa… Huuum! Bom, realmente putas.
A
lenda também foi pelos membros da banda criada, sendo certo que eles próprios
eram esses rapazes (isto fica entre nós, ok? Tu que sabes e eu que sei, cala-te
que eu me calarei!).
O
nome da banda que esteve para ser Voodoo Bitches – nome vetado pelo Sr. José ao
qual voltaremos adiante – passou a ser Voodo Boys, tendo em conta que Grace
Slick – vocalista dos defuntos Jefferson Airplane – que por ali também fumava
os seus caxuxos depois de ver um ritual destes afirmou: “Nice Boys”. O Sr. José
irado respondeu: “Nice Boys? Nice Boys,
os tomates! Nice Boys, don´t play rock ´n´roll”. A frase em causa veio a
ser, como se sabe, abortivamente usada pelos Guns ´n´Roses numa música que o
próprio Sr. José havia escrito para bandolim e trombone de varas – a talhe de
foice dir-se-á que a expressão “estou varado” é também da lavra do Sr. José.
O Sr. José é uma figura mítica do rock vimaranense. Na verdade, ele está para o rock vimaranense como o S. Nicolau está para os Nicolinos. Nunca se sabe se o rapaz realmente se embriagava a 6/12 por ser o seu dia ou se aparecia de trenó a 25/12.
O Sr. José é uma figura mítica do rock vimaranense. Na verdade, ele está para o rock vimaranense como o S. Nicolau está para os Nicolinos. Nunca se sabe se o rapaz realmente se embriagava a 6/12 por ser o seu dia ou se aparecia de trenó a 25/12.
Era
ele que coordenava os rituais que terminavam invariavelmente – à falta da
aparição das quengas – com uma chuva de alfinetes sobre um pobre boneco. Diz-se
que o Sr. José terá herdado o gosto Voodoo de um penta-avô paterno que,
emigrado em África se divertia a colocar alfinetes na cabeça dos nativos, só
para os ver reluzir à noite.
José,
contudo, tinha pena dos bonecos, pelo que apenas colocava os alfinetes nas
bordas do boneco. Todos os elementos dos Voodoo Boys tinham uma paixão pelas
bordas… Naquele tempo, dizia José: “Ide
pelas bordas que não engravida.”
Os
elementos dos Voodoo Boys eram uma malta musicalmente eclética,
inter-geracional, devota do voodoo.
Chegou
a andar por aí um sulista que, pensando poder juntar-se aos Voodoo Boys,
começar a fazer os mesmos rituais com facas! Descoberto e posto a mexer, Sr.
José, do alto da sua benevolência, condenou-o ao degredo para Cascais.
Bom,
mas voltemos à banda!
Em
termos de sonoridade, os Voodoo Boys evoluíram de um rock gótico (relembre-se
que o Rei Wamba era Visigodo) com fortes influências Coimbrãs (do Coimbra,
portanto), para uma sonoridade indie/thrash-ó-pop com influências de Artic
Vodka e Glenfidich, conforme o dia da semana e o ritual a executar.
No
entanto, alguns dos elementos dos Voodoo Boys provinham de outros credos. De
facto, quer o guitarrista Leocádio (cujo nome provém de Santa Leocádia, mas que
mais tarde se passou a chamar Leo, porque o tempo de duração para dizer o nome,
quase chegava para fumar um caxuxo e o Sr. José detestava desperdícios), quer o
baterista João José (apelidado de J.J. que, também mais tarde, passaria a ser
nome de treinador do Benfica), provinham da hoste satânica, cuja área de
influência se centrava em Briteiros S. Salvador.
Proveniente
do Pubidém – o primeiro – e das Taipas – o segundo – ficaram conhecidos por
serem cavaleiros de Satan, em nome do qual montaram bandas da área do Metal,
designadamente os Black Burn Hate e os Minhotos Marotos.
A
conversão deu-se quando Satan, pouco habituado a ceder aos interesses dos seus
trabalhadores, lhes aplicou o regime dos duodécimos distribuindo-lhes o pão de
ló da Páscoa em doze pequenas tranches, à hora do Submarino, pelo seu satanicum laborum.
O
Sr. José não foi de modas! Tendo constatado que a crença voodoo estava a
decrescer, por força dos seus milhares de fiéis (que, na verdade, nessa altura
eram apenas dois, mas pelas alminhas não digam nada ao Sr. José!) estarem mais
preocupados com o vinho, uns – que na realidade era um, ao qual já voltaremos
-, e outros – réupéupéu reupeupeu, pardais ao ninho – com os trojans,
peer-to-peer, firewall e quejandos, decidiu lançar-se na conquista de novos
povos!
J.J.
que estava habituado a fazer regressar as almas às profundezas dos infernos à
martelada, apesar de não se ter desfeito do “martelo” que ainda usa para dar
umas marteladas, ocupou o lugar de baterista esgrimindo as baquetas como se de
bandarilhas se tratasse que coloca no lombo do touro – mais precisamente nas
bordas – à velocidade de um blast beat (padrão rítmico de bateria que faz uso de baquetadas rápidas alternadas ou coincidentes na caixa e no prato. Assim, a caixa e o prato formam a base da batida,
enquanto o bombo é tocado entre eles para criar uma "parede sonora"
– ou seja, é mais ou menos como aqueles relógios despertadores antigos que
tinham duas campainhas e um badalo a tocar entre eles).
Leocádio, Leopoldo para os inimigos e Leo para os
voodoo lovers – hostes infernais ou deveria dizer voodoozais, adoradoras dos
Voodoo Boys – era amolador de metais e ferreiro nos tempos livres, vibrando o
seu tição naquelas almas infernais que se comportavam angelicamente, apesar de
não ter deixado o seu tição que ainda usa para umas tiçambalhadas, passou a ser
guitarrista de fino recorte técnico. Aliás, teve também uma curta passagem pela
escola na qual fumava relvas de variadas proveniências, sendo que quando lhe perguntavam
porquê que fumava relvas, respondia placidamente: “Não são relvas! São ervas! Eram relvas mas deram-lhes equivalência”.
Por seu lado, a velha horda voodoo, seguidores do Sr. José desde a primeira hora, em renovadas
ressacas, mantinham vivo o culto das bordas.
De facto, num momento de menor pontaria, Miguel, tendo
apontado o seu alfinete às bordas, acertou em cheio no alvo.
Mestre na arte de esbordejar e de manobrar as seis
cordas, Miguel estava confiante, convencido de que chegariam os seus
conhecimentos enquanto escolar de música para que Marta não ficasse como uma
clave de sol.
Puro engano! Nada disso! Era preciso fazer o teste…
O teste foi feito e o primeiro Voodoo Boy da era
Submarino havido sido concebido. Já o Rei Wamba havia aparecido em sonhos a
Marta, avisando-a: “Oh Carai! Essa cena das bordas vai correr mal!”
Nas bordas também havia andado Melo. Esse ordinário
(com H grande) era o vocalista dos Voodoo Boys. Os grunhidos que saíam das
goelas desse animal atordiam qualquer mortal.
Armado em trovador
Escreveu ele sem grande rigor:
Não se enganem, meu nome é Rui
Sou caramelo provindo de Tui
Quem disse que tinha voz, quem?
Quem mo disse enganou-me bem.
E por lá andava aos caídos,
Bebendo copos já meios bebidos
Mas alguém se cansou e disse:
“Camarada,
Àquela parte vai tão afamada!”
E foi aí que ele pegou na manta e
no farfalho
Soltou um flato e pôs-se no
caralho.
Por
falar em ares e ventos, Melo angariou para a banda três elementos do
auto-proclamado Movimento Musical do Wind Metal.
Seguidores
do velho princípio do ferreiro “há que
bater enquanto está quente”, os homens provindos do Pubidém, ostentando
instrumentos esbeletos, brilhantes e luzidios, colhiam rapidamente os favores
do belo sexo.
O
seu timoneiro Faria esgrimia com mestria a sua batuta, rasgando ar em
excêntricos movimentos e pélvicas posturas, dançando o zumba ao som de Tchaikovsky
(conhecido pela invenção do banho tcheco), enquanto a sua banda ululava o hino
de Guimarães.
Depois
de uma duríssima negociação, Melo jogou o trunfo… era uma garrafa de Quinta da
Pacheca. Fine port wine dizia e
continha sulfitos como mandam as boas regras do embotelhamento.
E Faria, a contragosto,
Desceu de seu nobre posto,
Largou a batuta, deixou os brióis,
E juntou-se aos infames Voodoo Boys.
Irmãos
de nascença (ao contrário de uns e outros que para aí vemos chamarem-se irmãos,
mas afinal abafam a palhinha), Carlos e Marco decidiram que nada tinham a
perder, e ao som da tuba funerária dos The
Zombies juntaram-se à festiva malta, cuja tampa pelas duas salta (alusão a
um disparatado programa de rádio que vai para o ar pelas duas da matina).
Nas
bordas do happening, ao qual vossas
excelências terão o grato prazer de assistir, veio Machado. Inventor da bucha
química, aquele de quem Amália esquecia o nome quando soltava “anda Pacheco!”, o mago das sete gaitas,
o gaiteiro vimaranense e paridor das mais estrondosas gaitadas que o mundo
civilizado conheceu, era também conhecido como inventor da frase: “É de lado, como o Machado!”.
Bluesman
dos Palheiros, rocker da Quintã,
Machado foi arauto antes dos 20!
Tomou
o nome de um imperador antes de tomar sete óisquis, e logo depois tomar
Guimarães com o seu rock progressivo.
Machado
era um homem simples, vivia da terra, cultivava, até que na Lusa Atenas
assentou arraiais, não sem antes ter partilhado palcos com o Sr. José.
Sete
anos demorou a convencer, em retóricas maquiavélicas, promessas desveladas,
velas desfraldadas, mitos, ritos, e preconceitos postos de lado, juntou-se
uivando: “You’re in the army now!”.
Por
fim, como diria Brian Adams, “the best
was yet to come”.
Manel,
ex pároco de Infias, conhecido mentor, fundador e Papa da Igreja dos Fiéis da
Última Chance, encontrando-se debruçado sobre as bobines da gravação da última
epístola da sua Igreja, decidiu, também ele, juntar-se aos demais, envergar as
vestes voodoo, e deixar de lado,
ainda que por momentos, a sua Igreja.
Dizem
que, após a sua actuação com os Voodoo Boys, a Igreja passará a ser conhecida
como Igreja dos Fiéis da Penúltima Chance, porque a última será usada hoje à
noite.
Eufémia,
trovadora dos ventos que passam, conhecida estudante de variados MBAs (Master
in Bandas Anormais), havendo-se lançado e pertencido aos infames Górmito, Holy
Fry Day, The Zombies e Contumazes, investiu também nos Voodoo Boys, mostrando
que a música voodoo não é coisa
machista.
E
a tropa seguiu o seu rumo em direcção ao horizonte, qual Lucky Luke de Mesão Frio.
José
orientava, Melo bebia, Miguel deletava, Leo esgalhava, Jorge fumava, Faria
resfolegava, Carlos e Marco tangiam o seu instrumento, Manel ungia, Catarina
estudava e Machado, estafado, bramia.
13
de Abril de 2013!
13
anos depois do fim do mundo, um novo fim do mundo se avizinha, envergonhando o
anterior.
Convocados
que foram videntes, cartomantes, magos e dentistas, apesar de tudo os Voodoo
Boys serão hoje os artistas.
See you on tour!
Stick it in Tour 2013
13.04.2013 – Projecto Club
14.04.2013 – Salão Paroquial de Penselo
15.04.2013 – Casa do Povo de St.ª Leocádia de Briteiros
16.04.2013 – Sede da Junta de S. Salvador de Briteiros
17.04.2013 – Casa de Tias em S. Lourenço de Selho
18.04.2013 – Danceteria Universo
19.04.2013 – Descanso, que até Deus descansou no 7.º dia
Depois
disso, num bar qualquer, e depois de um bar qualquer, na vossa casa, na minha,
no Mundo.
Forget sexual old toys,
Join the tour of Voodoo Boys!
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