segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Pregão Académico 2011

PREGÃO DA ACADEMIA VIMARANENSE
EM HONRA A S. NICOLAU


Pelos autores e pela Academia dedicado à memória de Jaime Manuel Santos da Costa Sampaio, juiz da Irmandade de S. Nicolau, Pregoeiro em 1955, grande homem e grande Nicolino e ao 50º aniversário da Associação dos Antigos Estudantes do Liceu de Guimarães.


Acordai já, ó milenares vultos!
Ó Guimarães! Berço duma nação!
Tu que és cidade de homens cultos
Escuta hoje o antigo Pregão!
Destas palavras honrosas do Santo,
Serei apenas o seu emitente
Anunciadas aqui neste canto
P´la voz do estudante bem ciente

Pois é o próprio São Nicolau
O pretexto do nosso “festival”
Que nos dá força no bom e no mau
Dia, pois cada um é especial.
E declamo desta insigne varanda
Fazendo-o com tal estardalhaço
Que mostra que a alegria manda
Nas Nicolinas, em tudo o que faço.

Ninguém zombará deste estudante
E quem alto zurrar será punido,
O que apregoo é muito importante
Nem um guincho, um pio, um zumbido!
Se não ao tanque de cabeça vais
Que nem te apercebes desse mergulho
O chafariz ao Carmo não volta mais
No Toural ficará p´ra nosso orgulho.

A galope ando pela cidade
Na companhia de S. Nicolau
Rezo o Pregão já desde a antiguidade
Da Academia alto ergo o pau.
Cinquenta anos! Velhos! Abraço!
Gratos pela ajuda salutar
Viva eu mais cinquenta como o aço
Os cem velhinho vou festejar.

O Olimpo está do nosso lado
Deus Baco nos concederá a graça
Para que não lhe ataque o enfado
Que monte uma nuvem e venha à praça.

Estudantes: respeito exigi
Sintonizem-se! Liguem as antenas!
Quero-vos firmes e hirtos, aqui,
Pois vou iniciar a minha cena!


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Começarei por vós, ó minhas belas,
Sentido das festas e desta vida,
Vagueio por becos e por ruelas,
Em vossa procura, sem saída.
Matais-me à sede, até à fome
‘Té o corpo muda quando vos vejo
E todo o medo logo se some!
Assim cresce por vós o meu desejo

Para vós doces, delicadas meninas,
Se faz esta nossa celebração
Chamem-se Binas, Ninas, até Quinas
Tereis para sempre meu coração.

O mastro lindo já no alto está
Insigne, belo, garboso Pinheiro.
No Toural para passar já não dá
As obras parecem estar primeiro.
Lautas Moinas e mui breves Novenas,
As Posses e o Magusto já fiz
O dia seis será o das “piquenas”
Nas Maçãs, amanhã, serei feliz.

Já foi no dia três pela noitinha
Que tiveram lugar as nossas Danças.
Dia sete, no Baile, serás minha
Não me acabes com as esperanças…
Nas Roubalheiras, essas, p’la calada
Pegamos nas coisas sem qualquer mal
De manhã a galhofa era pesada…
Roubar pondo à porta do Tribunal…

Passarei agora a divulgar,
Notícias boas e más da urbe.
Ao País e Mundo irei chegar,
Não existe nada que me perturbe!
Tal como disse o Alegre poeta
E relato: “A mim ninguém me cala!”
Mas pelo andar desta “camineta”
Antes de declamar, vou afiná-la.

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Magalhães, a reforma vais devolver,
Que ao teu salário acumulaste
Do tribunal a sentença é a doer
É hora de entregar o que levaste!
Ao político nada se perdoa
Essa reforma bem faz falta ao povo
A Cristina leva-nos soma boa
A do Serra… deves temer de novo.

Nessa Fundação com nomes mui nobres
Já houve mudança de presidente
A ineptidão deles já nem cobres
É demais… Demasiado evidente.
E agora a música será nova?!
Ou é vira o disco e toca a mesma?
Ganhar e não fazer nem uma ova
Faz da nossa cidade uma lesma.

Se depressa não anda, vou à serra
E vêde lá, porque já vou azedo!
Não gosto que gozem cá com a terra
Mesmo que sozinho não terei medo.
Agora, andarão todos na linha
De olho vos hei-de acompanhar
Até agora foi nada, nadinha…
Força, pois, que trabalhem a dobrar!

Mas da nossa europeia capital
Não há só más notícias, meu povo.
Um exemplo é o nosso Toural
Que já começa a cheirar a novo
A Alameda mais parece um bosque
Tenho medo de lá ir pela noite
E quando por lá passo dou de frosque
Pois se me apanham levo um açoite.

Também temos uma nova calçada
Em alguns sítios do berço nosso
A rua estava engarrafada
Com trânsito apertado não posso!
Ficarás de cara limpa, cidade!
Tu que tens muito de bela e de linda,
De casas com rústica qualidade
Ruas que pedem renovada vinda.

Os turistas cá nos vão visitando
Com os “mptrês” nos seus ouvidos
Do centro ao Castelo vão caminhando
Não conseguem passar despercebidos.
Deliciada fica a maioria
Pois visita uma cidade nova
Mais arejada, com categoria
Bem capaz de ser já posta à prova!

Dois novos hotéis vão aparecer
Para o visitante lá pernoitar
E, assim como, fizeram crescer
Nova via naquela circular.
No Clube Industrial houve tiro
Em Pevidém atirou-se ao pombo
A estrada levou um novo giro
Estou tonto! Agarrem-me que eu tombo.

A Conceição recente foi pintada
Com estrelas, nuvens e corações
Decorada pela Ágatha Prada
Uns gostam outros não… Opiniões…
As Secundárias estão mudadas
P’ra melhor, com novas instalações
As hostes estão já mais animadas
Para estudar sem quaisquer repelões.

Neste ano fecharam seis escolas.
Eram Primárias e com alunos!
Que agora carregam umas sacolas
Nas viagens nos “carros” nocturnos…
Já os livros, esses, que tanto custam
Ao colega do ano que passou…
Peçam-lhe. O papá já não assustam
Que pague o dele, o vosso poupou.

A família junta uns trocados
Na vila arranja um “terrenozinho”
Para ir plantando aos bocados
As hortaliças para o jantarzinho.
Às sextas poderão passar na feira
Bem arranjada junto do mercado
Ficaram os dois lá mesmo à beira
Olhem para mim! Foi bem apostado…

Do Campo de São Mamede juntaram
Tantas! Duas mil e doze crianças
Um logótipo humano completaram
Para uma capital de esperanças…
De parabéns está o nosso Rei
Pois novecentos anos comemora
Aqui nasceu Portugal, eu bem sei
Pegou em armas e rumou sul afora.

O percurso da Marcha avançou
Por ruas diferentes do passado
Com dez carros este ano começou
Bem decorados, tudo animado.
Já o Jazz festeja vinte anos
Na Guimarães Capital Europeia
Vamos ouvir música, meus manos
Penso que será uma boa ideia…

Ó meu Vitórinha, meu clube amado
O passado? Já se foi, deixa lá!
Um bom futuro vem sendo augurado
No D. Afonso ninguém passará!
Força aí! Estamos esperançados!
Essencial é mantermos a calma
Na Liga Europa fomos arrumados
Foram os anéis, permanece a alma!

Machado resolveu ir-se embora
Pois já estava debaixo de fogo
De Paços veio outro sem demora
Ó Rui! Vitória em cada jogo!
No primeiro treino teve azar
Tanta paixão que deu em pancada
Um abanão era preciso dar
Para dar novo alento à bancada!

Há quem diga sempre: “É para o ano”.
Começamos cheios de ambição
Vemos vitórias vemos por um cano
O problema, povo, é a gestão.
O sócio não logram enganar
Para mim não percebem nada disto
Andam lá a ver o tempo passar
Mas o clube é nosso, não desisto!

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Acabou-se a catástrofe Socrática
Com seu ar de fingida juventude.
Andava tolo, de veia lunática
Pode ser que agora isto mude.

Avulte alguém sério e sem medo
Que honre o seu Estado, corajoso!
Oh Coelho! Agora não sais cedo
Como o cherne... Um tal Durão Barroso…
Teve Sócrates lugar de timoneiro
Enquanto afundava nosso barco,
Temos troika a fazer de torpedeiro
Não duvidem: cá estamos no charco!

Nas finanças dinheiro deu sumiço
É hora de apurar os responsáveis.
O povo a ficar sem o cortiço,
Para pagar gastos insuportáveis.
Condenaram a nova geração!
Abstendo-se do Governo dirigir
Renegaram a pública missão
Serviram-se, em vez de se servir…

É do regime, o velho costume
Crer inesgotável a mamada:
Que se quilhe, eu não tenho queixume
Vou comer o povo de cebolada!
O FMI veio a Portugal
É o credor e já está à espreita.
Esperemos que nada corra mal
A ver se esta coisa se endireita!

Ao domingo o shopping está pejado
De pessoas, mas comprar é que não.
Actualmente gastar é tramado
Muita gente vive sob pressão.
O cinto não nos pára de apertar
Agora deixarão de existir pontes,
O teu salário irão cortar
Cuidado! É bom que te aguentes.

Já lá vai do santo, o feriado,
Em escalada vai o desemprego
Acabou o Natal subsidiado
Vem acelerado o desassossego.
Há quem vá pr’á cama sem ter jantado
Das dívidas, as mãos cheias de papéis
Vós que nos puseste neste estado
Ao menos, ao povo, sejam fiéis.

Foi-se o sonho - União Europeia
Da esperança apagou-se a chama
É sina, a austera epopeia
Acabará hirta, jazendo na lama!

Na Líbia houve a revolução
Foi assim que o sistema cedeu
Lá festejam com os tiros que dão
O poderoso Kadhafi morreu.
Quis financiar nos anos noventa
A independência dos Açores.
Era ideia que em mim não assenta
Me alvoroça, altera os humores.

À Madeira a crise já aportou
Para a obra poder breve avançar,
O Jardim novas eleições ganhou…
Mas já começa a cambalear.
A nossa Nação, sei que é valente!
Nobre povo, somos heróis do mar!
Há que levar essa ideia avante
Com força de quem só tem a ganhar.

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Salvé, novo ortográfico acordo
Abaixo a repressão! Viva o Povo!
Agora, eu vou dando erro gordo
Convenhamos que era um estorvo.
Hei de dar erros até me fartar.
Pelo acordo, perdi-me de amores.
Imaginem, amigos, de pasmar!
Do Pregão, ora são espetadores!

É a academia quem hoje manda
E para que outros possam ouvir,
A mensagem que canto à varanda,
Para outras bandas vamos seguir.
Empurrem esse coche, vamos! Siga!
Levantem a baqueta ao meu sinal
Continuando esta Festa antiga
Ribombem esse toque magistral.

Façam entoar essas maçanetas
Feitas de árvores e verdes ramos
Ergam subindo as vossas baquetas
Cantemos e bem alto: Não pagamos!

Prefiro investir em outros ramos
Como pr’a esta Festa se manter
E para aquilo que mais desejamos
Vinho, que a muitos dá de comer.
Venha o trovão e a tempestade
Serão aparados pelas baquetas
Deste toque ireis sentir saudade
Tal como do traçar das capas pretas.

O caminho do tempo tudo leva
Não tarda, agarrados às sebentas,
Lembrareis os amigos desta selva.
Agora abalroai às arrebentas!

E tu aí ó jovem Nicolino…
Açoita essas peles! Zás trás pás!
Mostra-me aquilo de que és capaz.
Façam da bravura nosso destino,
Siga o Pregão em total desatino!



Legatus constituit sanctum Nicholaum,

João Manuel Santoalha Teixeira e Melo
Tiago Bragança Borges
Tiago Vieira Laranjeiro

Algures neste rectângulo, Novembro de 2011

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